Texto: Eng. Lucas Cardoso Freire
Engenheiro Biomédico e Especialista em Produtos
Os transdutores de ultrassom utilizados em mamografia são dispositivos sofisticados, cujo desempenho depende da qualidade e integridade dos cristais piezoelétricos que os compõem. Esses cristais são o coração do transdutor, responsáveis por gerar e captar as ondas sonoras que formam as imagens detalhadas do tecido mamário. Entender o funcionamento dos cristais piezoelétricos e os cuidados necessários com os transdutores é fundamental para garantir a precisão das imagens e a longevidade do equipamento.
Como funcionam os cristais piezoelétricos?
Os transdutores de ultrassom utilizam cristais piezoelétricos, que têm a capacidade de converter energia elétrica em ondas sonoras (ultrassom) e vice-versa. Quando uma corrente elétrica é aplicada a esses cristais, eles vibram em alta frequência, produzindo ondas sonoras que são transmitidas para o tecido mamário. Essas ondas viajam pelo tecido e, ao encontrar interfaces entre diferentes tipos de tecido (como entre gordura e tecido glandular), parte delas é refletida de volta para o transdutor.
Os cristais então captam as ondas sonoras refletidas e as convertem novamente em sinais elétricos. Esses sinais são processados pelo sistema de ultrassom, transformando-se em imagens que representam a estrutura interna da mama. Graças à precisão dos cristais piezoelétricos, os transdutores de alta frequência conseguem captar detalhes finos, fundamentais para detectar pequenas lesões e estruturas.
Tipos de cristais e qualidade da imagem
A composição e a qualidade dos cristais piezoelétricos são determinantes para a resolução da imagem. Cristais de alta qualidade produzem vibrações mais uniformes e consistentes, resultando em imagens de maior definição e menos ruído. Entre os materiais mais comuns utilizados nos cristais piezoelétricos estão:
- PZT (Zirconato-Titanato de Chumbo): Amplamente utilizado devido à sua alta sensibilidade e capacidade de gerar frequências elevadas, proporcionando imagens de alta resolução.
- Cristais compósitos: Combinam materiais piezoelétricos com polímeros para melhorar a flexibilidade do transdutor, adaptando-se melhor a diferentes superfícies e aumentando a qualidade de transmissão e recepção de ondas.
Cuidados com os transdutores de ultrassom
Os transdutores são equipamentos delicados e requerem cuidados específicos para manter seu desempenho e evitar danos aos cristais piezoelétricos. Alguns dos principais cuidados incluem:
- Limpeza e Higienização Adequadas: A limpeza do transdutor deve ser feita com soluções e materiais recomendados pelo fabricante, evitando produtos abrasivos que possam danificar o cristal ou o revestimento externo. Após cada exame, é essencial higienizar o transdutor para evitar contaminação cruzada. Porém, o excesso de produtos de limpeza ou a aplicação incorreta de substâncias pode causar danos permanentes ao cristal.
- Evitar Quedas e Impactos: Os cristais piezoelétricos são sensíveis a impactos e podem se romper com quedas. A integridade do cristal é crucial para a emissão e recepção precisas das ondas sonoras; qualquer rachadura ou fissura pode comprometer a qualidade da imagem.
- Armazenamento em Locais Seguros: Os transdutores devem ser armazenados em locais apropriados, protegidos de vibrações, poeira e exposição a temperaturas extremas. Isso garante que os cristais e o revestimento do transdutor se mantenham em boas condições de uso.
- Verificação Periódica de Integridade: Realizar testes de qualidade de imagem e calibração periódicos é fundamental para assegurar que os cristais e o transdutor como um todo estejam funcionando corretamente. Pequenas variações na qualidade de imagem podem ser um indicativo de desgaste ou dano nos cristais.
Manutenção preventiva e sustentabilidade dos transdutores
A manutenção preventiva é essencial para garantir a longevidade dos transdutores. Além dos cuidados diários, recomenda-se realizar uma manutenção técnica periódica com um profissional qualificado, que inclui testes de funcionamento dos cristais piezoelétricos, inspeção das conexões elétricas e verificação do cabo de conexão, que pode se desgastar com o tempo.
Ao adotar um plano de manutenção preventiva, as clínicas e hospitais podem prolongar a vida útil do transdutor e evitar interrupções nos atendimentos. A manutenção regular e o cuidado correto reduzem a necessidade de substituição frequente, gerando economia e sustentabilidade para a instituição.