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Desde o início dos tempos, os povos pretos sempre tiveram uma participação importante e decisiva nos rumos da história. Muitos anos antes da colonização dos egípcios pelo povo grego, o que colocou em dúvida sua real etnia, mesmo com todas as tentativas de apagamento histórico, social, cultural e político entre os séculos XIX e XX. Vale ressaltar que as histórias contadas nos livros sobre os povos originários, ao longo de décadas no Brasil, foram narradas por seus colonizadores.

Podemos citar como apagamento não apenas no Brasil como também no mundo:
- A Constituição de 1824 não reconhecia os negros escravizados como cidadãos brasileiros.
- A proibição da admissão de pessoas escravas nas aulas públicas em 1836;
- O Primeiro Congresso Universal das Raças, em 1911, com o médico e diretor do Museu Nacional, João B. de Lacerda, representando o Brasil, propôs a tese de que o Brasil seria um país totalmente branco em três décadas, usando a obra. “A redenção de Cam (1895)”, de Modesto Brocos como inspiração de sua tese;
- O embranquecimento de Machado de Assis;
- A marginalização do samba, tendo sua manifestação proibida no século XIX;
- A capoeira era considerada subversiva até a metade da década de 30, sendo reconhecida no governo de Getúlio Vargas;
- A grandiosa Sister Rosetta Tharpe (guitarrista) criadora do rock in roll em meados dos anos 20, 36 anos antes da estreia de Elvis Presley, considerado o “Rei do Rock” pela grande mídia, contemporâneo de mestres como Chuck Berry, Little Richard e B.B. King;
- George W. McLaurin foi primeiro afro-americano a frequentar a Universidade de Oklahoma em 1948, após várias tentativas, via ordem judicial, para ter acesso à instituição, foi rechaçado e isolado por demais estudantes de sua turma.
- Ruby Bridges a primeira criança negra a estudar em uma escola primária branca no século XX em 1954 em Louisiana, nos Estados Unidos, saiu escoltada por policiais federais para garantir sua segurança.
Já no Brasil, na década de 60, a educação escolar da população preta só iniciou, realmente, a partir do estado republicano, por meio do ensino popular e profissionalizante, decorrente do processo de industrialização. O que explica o baixo índice de pessoas pretas em cargos executivos no passado.
Considerando as exceções, existem diversos fatores que colaboraram para a desigualdade social, entre eles o acesso à educação.
Entrevistas com profissionais da Engenharia Clínica
60 anos após a abertura das escolas, o que os profissionais atuantes no serviço de engenharia clínica em todo o Brasil falam sobre suas trajetórias de vida e na carreira profissional:
Tatiane Alves
Direto da Bahia de todos os santos conversamos com ela, perfeccionista, todos os dias chegava 4h antes do início das aulas para estudar, sempre disposta a ajudar seus colegas, para ela, era inadmissível tirar menos de 8 a 10 na média, estamos falando TATIANE ALVES, Engenheira de Produção, Especialista em Engenharia Clínica, Especialista em Manutenção Hospitalar e MBA em Gestão de Processos e Qualidade.
Em 2019, seu primeiro emprego como assistente de engenharia clínica, trouxe destaque com sua atuação na linha de frente com a chegada da COVID 19 em 2020, um trabalho surpreendente que lhe concedeu ao cargo de Engenheira Trainee em apenas 4 meses, após 1 ano, seu trabalho foi reconhecido e se tornou coordenadora de engenharia clínica e manutenção-hospitalar.
Eu desenvolvi alguns métodos para gerir processos e indicadores, e principalmente decidi seguir a gestão de pessoas humanizada, no qual impacta diretamente nos meus resultados mensalmente.
Primeiramente, a área que eu escolhi é totalmente ligada ao suporte a vidas, impactando diretamente na sobrevivência dos enfermos, e eu sou muito criteriosa e faço toda gestão destes equipamentos, no pensamento e sentimento que será usado para salvar vidas, muitas vidas. (Tatiana Alves).
Tatiana busca ser objetiva e resolutiva, sempre empenhada a ser sua melhor versão todos os dias, errando e aprendendo com os erros estando sempre aberta para aprender o novo, com uma equipe de profissionais qualificados e muito bem preparados que nunca aceitam o não como resposta.
Para Tatiana, no mundo da engenharia tudo há solução.
Juliana Reis
No Rio de Janeiro conhecemos JULIANA REIS, Tecnóloga em Produção Industrial, Pós Graduada em Engenharia Biomédica e Técnica em eletrônica, na escola, sua comunicação com seus professores a trazia para um mundo de conhecimentos, e para pagar seus estudos trabalhava como babá, como toda boa carioca, chegava tarde da noite após uma longa jornada de trabalho e estudo.
Na área hospitalar iniciou sua carreira como auxiliar técnica de manutenção em sistemas biomédicos em 2013, um dos seus primeiros desafios foi atuar em setores críticos como Unidade de terapia intensiva, junto a profissionais que lutam pela vida de seus pacientes.
Em um pais tão desigual de oportunidades devido as sequelas históricas, entre as principais lideranças da saúde, Juliana era a única mulher negra da equipe de liderança.
Empatia.
Mesmo que suas atribuições a limita-se a focar somente nos equipamentos, percebendo a sensação de vulnerabilidade dos pacientes, Juliana adotou uma nova abordagem diferenciada junto aos pacientes, trazendo a clareza de seu de trabalho levando a confiança do bom atendimento.
Aprendendo e ensinando
De auxiliar técnica a Coordenadora Regional de Engenharia Biomédica
Me vejo trilhando um caminho de aprimoramento contínuo. Estou sempre aprendendo e ensinando.
Hoje ocupo uma posição que quando comecei na área era difícil me imaginar pois haviam poucas referências de pessoas parecidas comigo.
Estou muito orgulhosa das minhas conquistas e feliz por poder ser exemplo. (Juliana Reis).
Robson Miranda
Em São Paulo encontramos ROBSON MIRANDA é Técnico em Eletrônica ,Tecnólogo em Automação Industrial , Especialista em Engenharia Clínica; Especialista em Gestão da Manutenção e Ativos e atualmente graduando em Engenharia Biomédica .
O ponta pé inicial se deu ao ingressar no pré-vestibular na instituição Educafro e através do Pro Uni conquistou sua primeira graduação;
Iniciou sua carreira como vendedor de calcados, área totalmente distinta que o aguardava, com muita luta conseguiu seu primeiro estágio em eletrônica, a partir daí , assim como a Tatiana e Juliana, iniciou uma olimpíada para mostrar o seu valor.
Em campo incorporei metodologias de Gestão da Manutenção como “TPM” e “RCM”, muito utilizada na indústria, na gestão de falhas de dispositivo médicos, principalmente equipamentos de esterilização, o que foi muito bem recebido devido aos excelentes resultados, o TPM traz a cultura de evitar falhas e o RCM do gerenciamento de risco e das consequências destas falhas, as duas se complementam. O RCM foi a metodologia que possibilitou a indústria da aviação a ser tão segura hoje em dia. Robson Miranda
Mesmo com uma desigualdade social patrocinada por aqueles que preencheram os livros de história por mais de 200 anos, Robson nadou contra maré e abraçou as oportunidades mudando sua vida e a de muitos outros ajudando a salvar vidas, literalmente, através da gestão de tecnologias médicas, mas também através da liderança de pessoas, motivando e incentivando cada a um a alcançar os seus objetivos profissionais e consequentemente, sonhos pessoais.
Robson vive um ótimo momento profissional, a frente de uma equipe de alta performance, fazendo o que ama, levando conhecimento, liderando e trabalhando com alta tecnologia em dispositivos médicos.
Conclusão
No jogo da vida, Tatiana, Juliana e Robson, cada um de um estado, cidades, idades e realidades diferentes, mas trazem na cor da pele carregada de história, a honra e o orgulho de seus ancestrais, que vieram de muito longe, sem família, sem-terra e sem conhecer a língua de uma nova terra, mesmo sem identidade se mantiveram produzindo, criando e moldando silenciosamente a religiosidade, a culinária, a música, agricultura , a luta, a engenharia, a medicina e muitas outras maravilhas que existem até hoje, personalidades diferentes e com o mesmo objetivo, a segurança dos pacientes, conquistaram o bronze, a prata, e claro, em busca do ouro. Através de seus trabalhos conquistaram objetivos, conheceram pessoas maravilhosas e assim, fazendo a diferença na vida de pessoas.