SUSTENTABILIDADE NA ENGENHARIA CLÍNICA: A Importância da Logística Reversa

Jonnatha Gustavo

Engenheiro Biomédico

Especialista em Engenharia Clínica.

1. INTRODUÇÃO

Com o avanço da tecnologia e a crescente digitalização na saúde, os hospitais e clínicas estão cada vez mais dependentes de equipamentos médicos sofisticados. Esses dispositivos oferecem diagnósticos precisos e tratamentos eficazes, mas também trazem um desafio ambiental: o que fazer com eles ao final de sua vida útil? A logística reversa é uma solução essencial para lidar com esses resíduos de forma sustentável, garantindo que componentes eletrônicos, baterias e outros materiais não sejam descartados de maneira inadequada (BRUNETTO; PASSOS, 2014)

2. LOGISTICA REVERSA

A logística reversa é o processo de retorno de materiais usados para reciclagem, reaproveitamento ou descarte correto. Na Engenharia Clínica, isso se aplica a equipamentos médicos que já não podem ser utilizados, como monitores, ventiladores e bombas de infusão, além de baterias e outros componentes. Implementar essa prática permite que muitos dos materiais sejam reciclados ou reutilizados, diminuindo a necessidade de novas matérias-primas e reduzindo o impacto ambiental (LIMA NETO; SILVA; SILVA JÚNIOR, 2022).

2.1 POR QUE A LOGÍSTICA REVERSA É IMPORTANTE NA SAÚDE?

Hospitais e clínicas geram uma grande quantidade de resíduos eletrônicos que, sem o descarte adequado, podem contaminar o solo e a água com substâncias tóxicas, como metais pesados. Além disso, o descarte inadequado contribui para o aumento de resíduos em aterros sanitários, criando um problema ambiental que impacta toda a sociedade. Ao adotar a logística reversa, o setor de saúde promove um ciclo sustentável, onde os materiais podem ser recondicionados e reutilizados, beneficiando o meio ambiente e reduzindo custos a longo prazo (SILVA, 2021).

2.2 BOAS PRÁTICAS DE LOGÍSTICA REVERSA EM ENGENHARIA CLÍNICA

Para que a logística reversa seja eficaz, é importante adotar algumas boas práticas na gestão de resíduos hospitalares e equipamentos médicos:

2.2.1. Parcerias com Empresas de Reciclagem

Estabelecer parcerias com empresas especializadas em reciclagem de resíduos hospitalares e eletrônicos é um dos primeiros passos. Essas empresas podem tratar os materiais de maneira adequada, garantindo que componentes tóxicos sejam processados corretamente e que o máximo possível seja reciclado ou reaproveitado (SOUZA et al., 2013).

2.2.2. Inventário e Monitoramento do Ciclo de Vida dos Equipamentos

Manter um inventário atualizado dos equipamentos médicos e acompanhar seu ciclo de vida permite que os engenheiros clínicos saibam quando um dispositivo está próximo de ser substituído. Isso facilita o planejamento do descarte e permite que a logística reversa ocorra de forma organizada, evitando surpresas e desperdícios (SILVA, 2021).

2.2.3. Reuso e Recondicionamento de Equipamentos

Em muitos casos, equipamentos médicos podem ser recondicionados e reutilizados em contextos menos críticos ou doados para outras instituições de saúde com menos recursos. O reuso e o recondicionamento não apenas prolongam a vida útil dos dispositivos, mas também reduzem a demanda por novos materiais e equipamentos, contribuindo para um ciclo sustentável (LIMA NETO; SILVA; SILVA JÚNIOR, 2022).

2.2.3 Treinamento da Equipe

É essencial que todos na instituição compreendam a importância da logística reversa e saibam como separar e destinar corretamente os resíduos. Treinamentos periódicos ajudam a garantir que todos participem do processo de descarte sustentável, fortalecendo a cultura de sustentabilidade (BRUNETTO; PASSOS, 2014).

3.  DESAFIOS DA LOGÍSTICA REVERSA NA ENGENHARIA CLÍNICA

Implementar a logística reversa ainda enfrenta desafios práticos. O custo é um dos maiores obstáculos, pois reciclar e descartar equipamentos médicos de forma correta pode ser caro, especialmente para instituições menores. Além disso, muitos dispositivos médicos armazenam dados dos pacientes, o que requer que essas informações sejam removidas de maneira segura antes do descarte ou reciclagem (SOUZA et al., 2013).

4. IMPACTO POSITIVO DA LOGÍSTICA REVERSA

Apesar dos desafios, a logística reversa traz inúmeros benefícios para a sustentabilidade. O descarte correto de materiais permite que hospitais e clínicas reduzam sua pegada ambiental, evitem a contaminação do meio ambiente e promovam um ciclo de reaproveitamento de materiais. Além disso, a adoção dessas práticas fortalece a imagem das instituições de saúde, mostrando seu compromisso com a responsabilidade ambiental e social (BRUNETTO; PASSOS, 2014).

5. CONCLUSÃO

A logística reversa é uma prática essencial para que a Engenharia Clínica se torne cada vez mais sustentável e responsável. Ao adotar essas práticas e conscientizar a equipe sobre a importância do descarte adequado, as instituições de saúde promovem um ambiente mais saudável para todos e contribuem para a preservação do meio ambiente.

6. REFERÊNCIAS

1. BRUNETTO, M. A. C.; PASSOS, E. C. Logística reversa aplicada à saúde: um estudo de caso em um hospital de Minas Gerais. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 34., 2014, Curitiba. Anais […]. Curitiba: ABEPRO, 2014. Disponível em: https://abepro.org.br/biblioteca/enegep2014_TN_STP_195_103_24459.pdf. Acesso em: 3 nov. 2024.

2. LIMA NETO, A. H. A. de; SILVA, G. R. da; SILVA JÚNIOR, S. B. da. Importância da logística reversa no ambiente hospitalar. Recife: Grupo Unibra, 2022. Disponível em: https://www.grupounibra.com/repositorio/ADMIN/2022/importancia-da-logistica-reversa-no-ambiente-hospitalar46.pdf. Acesso em: 3 nov. 2024.

3. SILVA, L. G. da. Logística reversa em estabelecimentos de assistência à saúde: indicadores de medição de desempenho. 2021. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2021. Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/236873. Acesso em: 3 nov. 2024.

4. SOUZA, F. P. de et al. Viabilidade da aplicação da logística reversa no gerenciamento dos resíduos dos serviços de saúde: um estudo de caso no Hospital X. Perspectivas Online: Exatas & Engenharia, v. 3, n. 6, 2013. Disponível em: https://ojs3.perspectivasonline.com.br/exatas_e_engenharia/article/view/10. Acesso em: 3 nov. 2024.

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Roberto de Souza

Membro NDPEC

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