Texto: Eng. Lua Clara Magalhães
Engenheira Biomédica e Coordenadora Corporativa de Engenharia Clínica
Trabalhar com engenharia clínica em hospitais é um privilégio. Nossa atuação com tecnologias médicas, que salva vidas diariamente, tem uma importância imensa para a segurança dos pacientes e para o bom funcionamento das instituições de saúde. Porém, por trás dessa nobre missão, existem desafios que muitos profissionais da área enfrentam e que merecem uma discussão mais ampla.
Ao migrar para a área hospitalar, percebi o quanto o ritmo muda: estamos em ambientes que operam 24 horas por dia, 7 dias por semana, e isso traz consigo a necessidade de uma disponibilidade constante. A pressão pela produtividade e excelência técnica nunca para, o que muitas vezes resulta em uma carga de trabalho que ultrapassa o horário regular de expediente, mesmo quando a estrutura não permite a contratação de equipes em regime 24 horas.
Hoje pela manhã, ouvindo um podcast, me veio esse insight: até que ponto essa busca incessante por produtividade nos faz esquecer que, por trás das máquinas e sistemas, existem pessoas? Pessoas que amam o que fazem, mas que, diante das exigências do mercado, muitas vezes chegam ao limite da exaustão.
Isso sem falar da constante necessidade de estar disponível no WhatsApp, onde, mesmo em horários de descanso, chegam mensagens de demandas urgentes que exigem resposta imediata. E se por algum motivo não for possível resolver rapidamente, muitas vezes o profissional é mal interpretado ou visto como negligente. A linha entre vida pessoal e profissional, nesses casos, quase desaparece.
O grande ponto de reflexão é: como equilibrar essa demanda crescente com a qualidade de vida dos profissionais? A cada dia mais, vemos colegas lidando com burnout, ansiedade e esgotamento. E isso não ocorre por falta de amor à profissão, mas pela sobrecarga e a dificuldade de encontrar um ponto de equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Gostaria de ouvir a opinião de vocês, especialmente de quem também atua na área hospitalar ou em setores que exigem uma alta disponibilidade. Como têm lidado com essa realidade? Como enxergam a valorização dos profissionais de tecnologia médica dentro desse contexto? O que podemos fazer para que o cuidado com a saúde dos pacientes não se torne um peso insustentável para quem trabalha nos bastidores?
Vamos abrir esse diálogo e, quem sabe, pensar em soluções para que a nossa profissão continue sendo admirada e praticada de forma saudável.
1 Comentário
Você levantou pontos muito relevantes! Trabalhar com tecnologia médica é gratificante, mas o ritmo e a pressão realmente podem ser desgastantes. Essa linha tênue entre vida pessoal e profissional, especialmente com a constante conexão via WhatsApp, é algo que muitos enfrentam. Acredito que precisamos discutir mais sobre como criar limites saudáveis e, ao mesmo tempo, garantir que o trabalho continue sendo eficaz sem prejudicar a qualidade de vida dos profissionais.